terça-feira, 26 de abril de 2016

ZONA LESTE DE LUTO

Estamos muitos tristes pela partida do Amigo MARCIANO VASQUES! 
A Zona Leste perde hoje um dos seus grandes escritores.
Marciano Vasques, educador, poeta e escritor brasileiro de literatura Infantil e Juvenil.
É autor de 28 livros, entre os quais: A Foca Sonhadora, A Cidade das Cantigas, Uma Dúzia e Meia de Bichinhos, Rufina, Uma Aventura Na Casa Azul, Espantalhos, Griselma, O Palácio dos Eucaliptos, A Menina que Esquecia de Levar a Fala para a Escola, Encontro com Tatiana Belinky, Duas Dezenas de Trava – Línguas. Algazarra das Letras, que entrou na lista para o ciclo 1, da Secretaria Estadual de Educação para 2013, e Letras Sapecas.  
Seus poemas e textos aparecem em livros didáticos e no suplemento infantil "Folhinha" da Folha de S. Paulo. 
Seus personagens são fadas que vivem num palácio,  bruxinha que viaja no tempo,  menina que salva uma escritora, meninas que visitam uma cidade diferente,  sapo moderno, espantalhos repletos de poesia e letras muito sapecas. 
Seu mais recente livro é Algazarra das Letras, lançado na FELIT, em São Bernardo, em Agosto de 2012, e na Bienal do Livro 2012, no Anhembi, em 18 de Agosto.

Nascido em Santos, e residente  na Região de Itaquera, o autor viaja para diversas cidades, realizando palestras para professores e estudantes de Letras ou de Pedagogia, além de visitar escolas, nas quais realiza encontros com crianças.

Formado em Filosofia e em Pedagogia, tem Pós-Graduação em Literatura Infantil e Juvenil, pela Universidade Metodista.


Marciano Vasques e Cida Santos

sábado, 23 de abril de 2016

CASARÃO SABADO D'ANGELO, EM ITAQUERA, ZONA LESTE DE SÃO PAULO

Patrimônio de valor incalculável, que vai se deteriorando cada vez mais em Itaquera!
A Zona Leste carece tanto de mais espaços culturais! Meu maior sonho e sei que também é o sonho de muitos amigos:  criar o MEMORIAL  DA ZONA LESTE! Já imaginaram um Memorial nesse casarão?







  Imagens do Blog São Paulo Antiga

sexta-feira, 22 de abril de 2016

"ESTAMOS ESCREVENDO A NOSSA HISTÓRIA"



"A compreensão dos fatos passados, indiscutivelmente, nos dá um melhor entendimento das situações presentes. E o presente, certamente, nos leva ao futuro. A cada dia estamos escrevendo a nossa história, porque nos colocamos como "agentes" dela e, como agentes, podemos deixar de ser "meros espectadores" e nos tornarmos transformadores do mundo em que vivemos" 


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Entrevista com o ator Cristiano Vieira


Ator Cristiano Vieira
Cristiano Vieira é ator de novelas e filmes. Nascido e criado na Zona Leste de São Paulo.


DZL - Nome completo, pseudônimo, data de nascimento e Cidade natal. 
Cristiano - Cristiano Vieira Gonçalves, (Cristiano Vieira),14.10.1976, São Paulo

DZL - Quando começou sua carreira de ator?
Cristiano - Comecei aos 12 anos, nas peças de teatro da escola e foi muito engraçado, porque sempre fui muito tímido, e todas as vezes que tinha apresentação, eu sempre queria ser uma arvore, poste ou qualquer personagem que não falasse nada, (muitas risadas).

DZL - Quando e onde se formou ator?
Cristiano- A minha formação, foi um tanto curiosa , porque em meados do ano de 1991 eu tive que parar de estudar na escola primaria, por motivo de ter que trabalhar para ajudar em casa,  aí fiquei cinco anos atrasado. Em meados do ano 1996, voltei à escola e, terminando, entrei para o curso de técnico de ator no Senac, onde conclui em 2000.

DZL - O que tem a dizer sobre as dificuldades e facilidades de um ator para chegar ao topo de sua    carreira?
Cristiano - Comecei aos 12 anos, e como todo ator pobre  e de região carente de apoio cultural, tínhamos nossas dificuldades para conquistar um espaço melhor no mercado de trabalho artístico, comecei no teatro amador com alguns grupos de teatro do bairro, atuei em muitas peças, uma em especial em 2000, OS TURRÕES, de autoria da Tatiana Belinky,  direção Carlos Godoy, era tudo muito difícil porque não tínhamos esse meio de comunicação que hoje abre um leque para o mundo, tínhamos uma limitação muito grande de mídia  para divulgar nossas apresentações, as dificuldades de apoio cultural sempre foram grandes, não tínhamos espaços e nem mesmo estrutura para ensaios e para se produzir uma peça de teatro, mesmo send. Lembro-me quando fiz, em 1999, a peça, A COMEDIA DA VIDA PRIVADA, sobre a direção de Luzinete Ferreira, íamos por varias vezes pedir espaços para ensaios, até que um dia, tivemos a sorte de conseguir um na casa de Cultura do Itaim Paulista,  que na época era administrada pelo meu grande amigo Claudio Gomes,  onde  ficamos ensaiando por muito tempo e resultou a formação do grupo de teatro ESPELHO D´ÁGUA, onde fiz parte por algum tempo, depois de tantas dificuldades segui em frente para muitos outros grupos amadores até chegar em grupos profissionais, e com mais experiência e consciência de que tinha que fazer alguma coisa para mudar o quadro de escassez e a carência de pouco apoio ao teatro local fui a luta, junto ao grupo de teatro formado na casa de cultura de São Miguel Paulista, cobrar de nossas autoridades culturais mais apoio às Casas de Cultura da Zona Leste para criação  e formação de grupos de teatro das regiões.

DZL - O que recomenda para os novos atores para que possam suportar as dificuldades na carreira?
Cristiano - Hoje eles podem encontrar muitas diversidades de oportunidades e a comunicação, está mais fácil, tem muitas Redes Sociais, e muitos sites de divulgação de seus trabalhos, as dificuldades sempre vão aparecer, mas a vontade de querer está em cada um, lembro-me de uma frase que meu grande e saudoso amigo Walmor Chagas, que me falou uma vez quando estávamos gravando a novela MARCAS DA PAIXÃO, RECORD, ( "Não se deve medir uma dificuldade pelo tamanho e sim pela sua força de vontade de vencê-la"), concordo com ele, pois foi ele quem me direcionou ao caminho certo.

DZL - Que tipo de leitura recomenda aos atores iniciantes?
Cristiano - Todas, porque qualquer leitura que você fizer é necessário, para seu crescimento, o ator tem que estar sempre informado de tudo, acontecimentos em geral é um ritual particular, estar sempre atento aos mínimos detalhes do mundo, a arte está em constante mudança.

DZL - Qual profissão exerceria caso não fosse ator?
Cristiano- Se eu não fosse ator, com certeza seria Relações Internacionais, gosto muito sobretudo do  estudo sistemático das relações políticas, econômicas e sociais . 
  
DZL - Acredita que ainda há carência de apoio no âmbito Cultural?
Cristiano - Totalmente, acompanho muito essa questão e vejo que a divisão das leis de apoio a cultura e educação que deveriam apoiar todos e qualquer âmbito cultural só funciona para os  que apoiam os corruptos, atualmente os interesses políticos são maiores que as preocupações em educar e criar, percebo que muitos grupos grandes, e artistas famosos, estão cada ano se beneficiando de valores surreais que poderia ser investido na formação de muitas casas  e oficinas de culturas nas regiões que concentram um   número exorbitante de carências nessas áreas.

DZL - Quais seus ídolos, tanto no cinema quanto no teatro?
Cristiano - Meu maior ídolo, é Charles Chaplin, um grande artista, uma referência que, sem falar nada, deu vida a muitos personagens que marcaram, e marcam,  uma geração de artistas ate hoje; outro, é meu saudoso e  grande amigo Walmor Chagas, eu na época de escola estudava muito sobre a historia do teatro e muitas vezes, nos livros, ele aparecia como uma grande referência no nosso teatro e Tevê.  Tive um grande privilégio de trabalhar com ele na novela, e logo depois ele me chamou para dar uma força como  assistente dele na peça PASSAGENS DAS HORAS  no teatro. Lembro-me até hoje do meu primeiro pagamento, eu até tirei uma xerox do cheque que ele me deu, rsrs, e guardo até hoje. Cresci muito como pessoa e ator depois de ter vivido esse momento ao lado dele, e claro tive muitas outras oportunidades como ator, tenho muitos ídolos que me tornaram um ator diferenciado, faço ressalva ao meu outro grande amigo Sidney Bomfim, que me ensinou uma mistura de teatro com diversos elementos, dos quais tirei grandes experiências  e formamos o espetáculo, MAIS VALE UM REINADO DO QUE UM CAJADO, sobre sua fantástica direção. Tenho também o orgulho de falar de meus grande amigos Carlos Godoy, e do eterno Jeremias Santos, que graças a eles eu consegui, rsrsr; me lembro de uma vez ter ouvido uma frase do Jeremias Santos que me deixou triste, mas com o passar dos anos entendi que o que ele queria era meu melhor  e consegui, rsrsrs. Entre tantos, minha lindíssima e gigante artista, Flávia Bertinelli, que em seus cursos e trabalhos pegava no meu pé, mas isso resultou em grandes oportunidades na minha carreira,. Agradeço muito a todos os escritores como, Paulino Dhi Andrade,  aos artistas da Zona Leste, em especial, São Miguel Paulista e Itaim Paulista que me ajudaram a conquistar meu espaço nesse mundo competitivo que é a arte.

DZL - Qual o trabalho que mais marcou em sua vida de ator?
Cristiano - Bom, na verdade todo trabalho tem uma importância muito grande para um profissional, e o de ator não é diferente, todos foram ótimos, aprendi um pouco com cada trabalho, tanto no teatro que é a base do ator e te dá uma visão diferente das coisas, quanto na TV, que descobri muitas coisas que eu não imaginava que acontecia por de traz das câmeras, mais em especial no teatro, tive o privilegio de fazer a peça Mais Vale um Reinado do que um Cajado, em 2000,  texto Tutty Felipe e direção Sidney Bomfim, e  a Raposa e as Uvas, em 2008,  texto Guilherme Figueiredo com a direção de Adail Lopes. Na Tevê fiz muita coisa, como algumas novelas, uma que me marcou foi MARCAS DA PAIXÃO na RECORD, e SEUS OLHOS que tive o privilégio de contracenar com a grandiosa atriz, Bete Mendes. E em programas de auditórios, em quadros, sendo que um faço ate hoje, desde 2009 na Record os Apertados, no Programa Legendários.

DZL - Qual filme gostaria de ter participado?
Cristiano - Com certeza:  Carandiru e Cidade de Deus.

DZL - Em quais filmes e novelas participou. (emissoras e data de participação.).
Cristiano -  Trabalhos vinculados em Redes de TV
Novelas:
Marcas da paixão  –  Rede Record - Direção Fernando Leal - 2000
Vidas Cruzadas  –  Rede Record - Direção Cláudio Castro - 2001
A pequena travessa  – SBT Direção Henrique Martins, Jaques Lagoa - 2003.
Canavial da Paixão –  SBT - 2003.
Marissol  SBT –  Direção Henrique Martins - 2002.
Seus Olhos – SBT  –  Direção Henrique Martins, Jaques Lagoa  e Luiz Antônio Piá - 2004
Cristal –  SBT  – Direção Del Rangel – 2006
Carrossel – SBT  –  2014

Programas - 
As aventuras da Tiazinha-  Direção Del Rangel – 1990 Band
Ô Coitado-SBT 2001
Telegrama Legal – SBT 2000-2001
Eliana - Quadro, Os apertados e Tudo é  possível, de 2008 a 2013, 
Ana Hickmann 20013 a 2014
Legendários  com Marcos Mion, atualmente com diversos personagens .

Comerciais:
Fiat 2000
Multibrás 2001
Volkswagen 2001
Lojas Pernambucanas 2002
Casas Bahia 2002  2003
Contra a Dengue 2003
PSDB 2003.

Filmes:
Do ser ao Nada - 2001 Marcelo de Castro - festival do minuto
A mãe - 2003 Direção Marcelo de Castro
A Placa - 2000 Direção Marcelo de Castro
Vereda da Salvação - Direção Andréa Luigi
Em Aberto - Direção Henrique  Santilli
Cidadão Kane - 2009- Direção: Marcelo de castro e Jefferson Maekawa.

Teatro:
A casa dos Albuquerques - de Cristiano Vieira -  Direção, Cristiano Vieira -1993 -1995
Esperando Godot - de Samuel Becket , Direção, Rosana Sel  -1996
Os dois turrões  - de Tatiane Berlink - Direção, Carlos Godoy -1998 -1999
A comédia da vida privada - de Luiz F. Veríssimo - Direção Luzinete Ferreira - 1999
Fábrica - de Antonin Artaud , Harold Penter, Temesse Willian - Direção Flávia Bertinelli - 1999
O grito dos excluidos de Salviano de Campos - Direção Cristiano Vieira  - 2002 - 2004
Mudança de Hábito - de  Rodnei Balbino - Direção, Rodnei - 2000 2002
O voo sobre o oceano - de Bertolt Brecht - Direção Sidney Bomfim - 2001
Mais vale um reinado do que um cajado - Direção Sidney Bomfim  -2000-2002.
A raposa e as uvas - de Guilherme Figueiredo Direção Adail Lopes . -2006/2008


DZL - Tem algum projeto em andamento?
Cristiano - Estamos retomando um projeto de web série, sob direção de Marcelo de Castro e Jefferson Maekawa, com uma característica muito bacana, e cheio de novidades com um programa de humor e com muitas historias que o publico vai se identificar com os personagens, e no teatro estou estudando alguns textos de Harold Pinter, Albert Camur, e alguns brasileiros para  minha próxima montagem no teatro.

DZL - Acredita que no Brasil há bons diretores? Cite alguns.
Cristiano- Sim claro, tive o privilégio de trabalhar com muitos nomes da tevê  e teatro, como Claudio Castro, Dell Rangell, Henrique Martins, Jaques Lagoa, Sidney Bomfim e Flavia Bertinelli.


DZL - Diga-nos quem é o Cristiano Vieira.
Cristiano - Em apenas uma palavra: Sonhador,




Encontre o ator Cristiano Vieira no Facebook.



segunda-feira, 18 de abril de 2016

GIBA LOBATO, ITAQUERA, ZONA LESTE DE SÃO PAULO

Gilberto Lobato Vasconcelos, mineiro de Pratápolis e morador de Itaquera, Zona Leste de São Paulo, há muitos e muitos anos,   é daqueles jornalistas românticos que, assim como no futebol, estão em extinção. 
Formado em Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e em Sociologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Giba começou sua carreira como repórter policial. Trabalhou nas Rádios América e Jovem Pan, e nos jornais Diário da Noite, Folha de São Paulo, Metrô News, Folha Metropolitana e por 16 anos no Diário Popular, “antes de ser vendido para a Globo” – como costuma frisar.

Giba escreveu dois livros:
Foto de Internet
TEM JAPONÊS NO FUTEBOL: “A idéia de escrever um livro sobre descendentes de japoneses no futebol surgiu justamente pela paixão que ele nutre pelo esporte. Entre o final da década de 60 e início de 70, chegou a jogar na várzea, numa época em que a várzea ainda produzia talentos para o futebol. Era época também que se ouvia muito dizer ‘tem japonês no futebol’ quando alguém se referia a peladeiros não tão habilidosos com a bola nos pés, os chamados pernas de pau.”

REVOLUÇÃO DOS BOYS é uma edição independente, com a contribuição de vários amigos do autor e fala sobre um episódio que, há 30 anos,  deixou São Paulo de pernas pro ar e pegou de surpresa até mesmo a truculenta repressão da ditadura militar que reinava no País. Tudo aconteceu no dia 14 de setembro de 1979, uma sexta-feira, quando uns mil pivetes que trabalhavam como office boys resolveram detonar o centro de São Paulo, numa revolta sem alvo definido, mas que mostrou, conforme o subtítulo do livro, a "face oculta da cidade".


PENINHA, VILA PRUDENTE, ZONA LESTE DE SÃO PAULO

Aroldo Alves Sobrinho, o famoso Peninha, nascido em 17/02/1953, em Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo e tem canções de sua autoria gravadas por Caetano Veloso, Fábio Junior, Daniel e outros.

Foto de Internet

ZONA LESTE MEU AMOR

A Zona Leste de São Paulo, com mais de 7 milhões de habitantes, se fosse uma Cidade, seria a oitava maior do mundo. Na verdade, são várias Cidades e até parece um País! Um País chamado Zona Leste!
"Zona Leste Meu Amor", quero falar com você ao pé do ouvido, dizer que a amo, por isso, me preocupa esse seu jeito desatento, de se deixar levar, de se deixar explorar, por estranhos peregrinos que querem lhe usar... Você me deixa, às vezes, revoltada por subestimar sua própria capacidade, seus recursos naturais. Você é forte, tão grande, e às vezes, eu te sinto tão frágil! Seu olhar desatento diante do óbvio!
Zona Leste Meu Amor, suas entranhas abrigam um povo sofrido que já enfrentou tantas batalhas e, quantas enfrentará ainda? Suas vilas, favelas, vielas, ocupações e cortiços....suas franjas, como são longas, tão longas quanto as barbas do Elgito! Suas crianças tão adultas, seus velhos tão meninos...." (Trecho do Livro Zona Leste Meu Amor, de Cida Santos)
Foto de Internet

ZIZI POSSI, BRÁS, ZONA LESTE DE SÃO PAULO


Maria Izildinha Possi, nascida em 28/03/1956, no Bairro do Brás, Zona Leste de São Paulo, atualmente, uma das melhores cantoras da MPB.

Imagem de Internet



VILA CARRÃO, ZONA LESTE DE SÃO PAULO

A rua é de chão de terra batida, perceba ao fundo as casas construídas nos formatos térreos – diferente dos sobrados atuais – com o acabamento externo simples, dando a impressão por conta do ângulo da foto que a construção em destaque esta localizada em um lugar de relevo irregular, ou seja, entre morros e áreas planas.
Olhando bem para essa foto, é possível perceber que se trata de uma Igreja e, que ela foi tirada durante os festejos juninos ou julinos (junho/julho), por conta das tradicionais bandeirinhas tão comuns em quermesses.
Você já sabe onde esse retrato foi feito?
Não?
Pois então fique sabendo que essa foto foi feita na Rua Amarais por volta dos anos 60, e, a antiga construção nela retratada é a atual Igreja Nossa Senhora Aparecida, após, é claro, algumas reformas.
As mudanças tanto da região como da Igreja são Incríveis, você não acha?

A igreja Nossa Senhora Aparecida fica na Rua Amarais, nº 470, Vila Carrão para uns, Vila Formosa para outros, na verdade isso pouco importa, pois o importante mesmo era resgatar um pouco da história deste local tão querido pela comunidade e, que teve a sua inauguração em 21/04/1.960.

Foto: AYRJR-extraída do site Ei/r/brasil
Página Facebook: EU AMO A VILA CARRÃO

ISAURINHA GARCIA

uma das maiores cantoras da MPB, nasceu na Rua da Alegria, no Bairro do Brás, na Zona Leste de São Paulo em 26/02/1919 e faleceu em 30/07/1993.
imagem da Internet

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Paulinho Dhi Andrade, entrevistado por Escobar Franelas

Entrevista cedida ao escritor Escobar Franelas na data de: 26 de julho de 2015.

(Paulinho Dhi Andrade  foi salvo pelas letras, ele mesmo confessa. Passando por crises existenciais profundas, encontrou na expressão literária os motivos para prosseguir na luta. Autor de "A Tragédia dos Mentirosos" (contos) e "Eu Te Amo, Papai" (romance), ele conta aqui, neste depoimento, um pouco de sua trajetória)


Escritor Paulinho Dhi Andrade


1) Quem é Paulinho Dhi Andrade?
 Resposta: Sou uma cópia de mim mesmo.

2) E quem (ou o quê) é o original?
 Resposta: Tenho dúvidas, principalmente quando escrevo.  O ato de escrever me parece tão real que para não encarar uma desilusão muitas vezes prefiro fechar os olhos...

 3) Nessa sociedade contemporânea, onde o pós-modernismo determina a cultura pelo fragmento, o que pode o artista?

Resposta: O artista pode tudo. Ele tem o poder. Mas utilizando do velho entendimento que "nem tudo convém", é preciso tomar cuidado com a própria arte. Por exemplo: um autor escreve sobre política, e crescimento econômico de uma nação, de repente ele resolve por em prática sua arte, ai eu pergunto: Ele conseguiria levar a sério sua ideia exposta de forma artística a ponto de não se corromper? Tenho essa dúvida desde de que li "A Revolução dos Bichos", e também quando tomei conhecimento de muitos que no passado lutaram por uma nação melhor e hoje nos envergonham...

 4) Robert Filliou asseverou que "Arte é o que faz a vida ser mais interessante que a arte". Você poderia comentar sobre isso?
 Resposta: Concordo. A vida já é uma arte em si. No entanto parece que somos todos artistas porque criamos um modo de viver, mesmo sentindo ou sabendo que a vida não existe, o que existe é a morte. Passamos a morrer a partir do momento em que somos gerados, pois passamos a envelhecer, então não vivemos, morremos... Parece-me que a maior arte criada é a vida.

Vou complementar a resposta com um pequeno poema...

Às vezes parece ser tão difícil ter que ficar aqui.
Talvez o que nos faz suportar o peso que é viver, seja o lado romântico que a vida nos proporciona. 
nós somos incríveis..."
"Jesuis Cristin"
"Quié Pai?"
"Venha cá, seu mininu..."
"Já tô inu, Pai"
"Pronto Pai, qui cê quê?"
"ôi Jesuis, vô botá ocê na iscola. Cê vai lá pra Terra aprendê di tudo que eles insinam lá, inté essi tal de negócio qui é morrê, adispois cê vorta pra dize u qui é."
"Tá bom, Pai."
"Otra coisa, a respeite todos os seus professô, visse? 
"Agora vai, mininu, vai cum Deus..."
"Há, há, há... tá bom Pai, fica com Deus tamém."
Nós somos incríveis.
Somos tão incríveis que conseguirmos até... morrer.


5) Como foi a sua infância e juventude?
Resposta: Minha infância foi, de uma forma ou de outra, feliz. Lagos, banho de chuva, uma namoradinha amiga, sem noção do que era sofrimento e muito mais... 
Minha juventude, a partir dos 12 ou treze ano, já foi diferente. Comecei a me perder na vida. Uso de bebidas alcoólicas, maconha e vários tipos de comprimidos. Enfim, dominado pelo vício. Trafiquei, assaltei, muitas vezes me vi obrigado a atirar contra bandidos e policiais... Quando entrei para a vida do crime, foi com a intenção de levar comida para casa, mas isso acabou ficando em segundo plano, pois meu vício  precisava ser alimentado. Entre os quatorze membros do grupo eu era o único que lia escrevia. Eu estudava muito, mesmo sob os sorrisos irônicos dos demais.


6) E quando foi que sentiu os primeiros pruridos que o levaram para o mundo da criação artística? 
Resposta: Eu comecei a escrever pequenos poemas aos doze anos na escola. Comecei a me interessar por livros aos nove, lembro que o primeiro livro que li foi "O menino de asas" da coleção Vaga-Lume. Depois vieram vários, mas o que mais me chamou a atenção foi: "Lúcio Flávio, o passageiro da agonia" e "Papillon". Aos quinze anos ganhei do diretor de uma escola, onde eu fazia um curso de pintor letrista, o livro "Coração de onça" da coleção Vaga-Lume, por ter sido o leitor mais assíduo num período de quatro meses. A partir daí comecei a ler mais ainda e a produzir versos e pequenos contos que hoje já não existem mais, os perdi...


 7) Conte agora como foi escrever  e publicar "A Tragédia dos Mentirosos", a pequena coletânea de 4 contos. 
Resposta: Em 1997 participei pela primeira vez em uma antologia poética pela Editora Phisys, provavelmente já extinta, e no mesmo ano fiz minha primeira exposição de poemas e contos no Parque Chico Mendes, zona leste de São Paulo. A partir daí comecei a cogitar a ideia de escrever um livro de poemas, mas meus poemas eram muito do contra, eu criticava muitos religiosos e políticos, sendo que no tempo de escola meus versos eram de amor. Certa vez cheguei da rua dopado de bebida alcoólica e comprimidos e comecei relembrar minha vida, desde o tempo em que havia entrado para o crime. Perguntei-me:  "O que você quer da vida, Pardal?". Foi ai que peguei um caderno de brochura e comecei a escrever tudo que me vinha na cabeça. Comecei a escreve às 23 horas e terminei às 7 da manhã...

Então lembrei da vontade que tinha de lançar um livro. Entrei em contato com a Phisys Editora e negociamos um valor, não lembro qual era a moeda usada na época, mas sei que custou muito caro.

Eu trabalhava no Hipermercado Carrefour e meus amigos de serviço sempre faziam festas na casa de outros comprando bebidas em lata, e toda vez que acabava a festa eles juntavam tudo, as amassavam e me entregam para que eu as vendesse e conseguisse o dinheiro para pagar a Editora. Minha ex-esposa, Miriane Carolina, também me ajudou muito, me emprestando dinheiro para completar o que eu já havia conseguido.

Com 300 livros nas mãos, tive que vender de mão em mão, pois a Editora era pequena e não fazia distribuição em livrarias. Vendi 200, dos cem que sobraram eu doei para bibliotecas e também vendi para alguns amigos, e ainda não recebi, já faz mais de quinze anos. rsrsrs

Em 2000, fiquei internado numa clínica do governo para fazer tratamento de minha depressão. A psicóloga da clínica me levou até a Faculdade Cruzeiro do Sul para apresentar meu livro aos alunos de psicologia. Eles me fizeram muitas perguntas sobre a obra e outras coisa mais. Acabei vendendo livro para a sala inteira e ainda por cima o professor deles usou um dos contos, "Edna, infeliz para sempre", como tema de aula. Isso me deixou muito contente.


8) E como foi escrever "Eu te amo, papai"? 
Resposta: Foi-me uma experiência  incrível. Estava muito doente, depressão profunda, e resolvi dar fim a tudo. Comecei a me despedir de meus amigos na rede social e de repente senti vontade de ouvir música. Como gosto muito de ouvir a Ave Maria, coloquei para tocar. E foi ai que comecei a escrever algumas memórias e sensações que estava sentindo em relação a muitas pessoas, inclusive a minha amiga Thainan que eu, de alguma forma, passei a tê-la como filha em outras vidas, como se eu acreditasse nisso. 
Todas as noites eu escrevia várias páginas, cheguei a escrever 450 páginas em 38 dias, sempre ouvindo a Ave Maria. Reduzi o livro a 220 páginas, até agora não sei porque fiz tal coisa, poderia ter deixado, mas...


9) Tem alguma coisa em planejamento para um futuro próximo?
Resposta: Sim. Estou escrevendo três livros ao "mesmo tempo", sendo que o terceiro é o que eu mais darei atenção. Nele eu conto a história de um homem que depois de ter, supostamente, se desiludido com algumas religiões, torna-se ateu. Quando morre descobre que foi parar no Inferno. Então, com a alma cheia de conflitos e dúvidas, chega a acreditar que de lá nunca mais sairia, mas... ele descobre uma maneira de escapar...  e saí do Inferno de cabeça erguida.
O livro ainda não tem título.

10) Tem alguma pergunta que não fiz e você gostaria que eu tivesse feito? Se sim, por favor formule-a você mesmo, responda-a e poste aqui. Obrigado, abraços.
Pergunta: Apesar de se considerar ateu, por que em seu livro "Eu te amo, papai" você chama a atenção para a "Fé" em todos os âmbitos?
Resposta: Faço isso porque acredito que a "Fé" me parece ser muito confundida com o "Medo".
Qual seria a resposta de alguém que diz ter muita fé em Deus se eu lhe perguntasse: "Você tem fé em Deus porque Ele merece ou porque você tem medo de ir para o inferno?"
Parece-me que muitos tentariam enganar a onisciência de Deus alegando que o inferno não lhes provocaria medo algum...

11) Dessa pergunta que você formulou e respondeu, surgiu-me outra: por que essa obsessão por Deus? Você, como ateu que afirma ser, não acha que cita demais a personalidade de Deus?
Resposta: Nietzsche também foi suspeito quanto a isso, mas na verdade só tento entender aqueles que se dizem cristãos ou de outra religião e no entanto fazem totalmente o contrário à vontade de seu Deus.

12) E o que é "a vontade de Deus"? Aliás, qual Deus? O judaico-cristão? E como ficam as outras religiões monoteístas, que apresentam deuses similares e dogmas parecidos?
Resposta: Talvez o que falta em tal conceito seja a compreensão de que se Deus existe, ele é um só. Provavelmente a diferença de culturas fez com que pudéssemos criar os nossos próprios pensamentos relativamente divinos.
Antes dos homens chegarem aqui, os índios já acreditavam em Tupã.
Quem disse a eles sobre tal divindade? Seriamos extra-terrestres vindo para a Terra numa provável poeira cósmica, cada qual de um sistema solar com crenças diferentes? Talvez isso explique as raças e línguas variadas. Parece que criamos um deus a cada necessidade, quem já não teve confiança em amuletos? No pai, na mãe, no irmão mais velho?