quinta-feira, 31 de março de 2016

São Miguel Paulista

Capela de São Miguel Arcanjo situada em São Miguel Paulista-SP
Fonte da imagem: http://capeladesaomiguel.org/site/


SÃO MIGUEL PAULISTA
Lá pelos idos de 1.500, quando os portugueses aqui chegaram, nosso país era habitado por cerca de três milhões de índios. Portanto, ao contrário do que tentaram nos convencer desde crianças, esta não era uma terra desconhecida e sem dono!
A sua posse era distribuída entre os numerosos grupos indígenas que a ocupavam.
Logo, a chegada dos portugueses foi uma ocupação no sentido de invasão, mesmo!
Naquela época, os europeus acreditavam ser “donos da civilização e das leis”. Portanto, todos os povos não civilizados eram tidos como “aqueles que não têm direitos”.
Por volta de 1532, Martin Afonso de Souza, visitou os campos de Piratininga em companhia de João ramalho e passou por uma aldeia, que era chamada de Ururaí.
A velha aldeia era a sede dos índios goianazes, liderados por Piquerobi, irmão do Cacique Tibiriçá, que era pai da Índia Bartira, companheira de João Ramalho, que lhe deu o nome cristão de Isabel.
Em 1562, os jesuítas iniciaram a catequização daqueles índios e a Aldeia Ururaí passa a chamar-se Aldeamento de São Miguel. Por que “aldeamento”? Segundo o historiador Pasquale Petrone, o aldeamento seria o agrupamento criado pelos religiosos para o confinamento dos índios.
No local foi erguido um cruzeiro e, em seguida, uma capela.
Temendo as ameaças de assalto à Piratininga, José de Anchieta ordena que o Cacique Tibiriçá assuma a defesa da povoação com a colaboração dos índios goianázes e demais aldeamentos.
Em 1575, os índios de São Miguel engajam-se nas tropas de São Vicente e lutam contra os tamoios de Cabo Frio, sob o comando de Jerônimo Leitão.
Em a580, o Capitão-Mor e grande amigo dos jesuítas, Jerônimo Leitão, concede aos índios de São Miguel uma sesmaria de seis léguas em quadra, ao longo do Rio Ururaí (Tietê).
Irônicamente, os únicos e verdadeiros donos de todas aquelas terras receberam essas mesmas terras de presente dos jesuítas!
Em 1604, apenas 24 anos após a concessão da sesmaria, as terras dos índios já estavam sendo invadidas novamente, só que desta vez, pelos colonos.
Por vna  1580, a Região Leste, era habitada por tribos indígenas, como a Tribo Guaianáz, que flta de 1610, Fernão Dias Paes “o Moço” passa a ser o capitão dos índios de São Miguel.
Em 1620, iniciou-se a reconstrução da antiga capela e o término dos trabalhos aconteceu em 16 de julho de 1622.
O ano de 1628 é assinalado pelo assalto dos paulistas contra as missões jesuíticas espanholas no Guaíra e agrava-se daí por diante, o conflito entre a Câmara de São Paulo e os Jesuítas, que por lei exerciam, além da jurisdição espiritual, também a administração temporal das Aldeias do Padroado Real.
Em 1640, os interessados em caçar os índios expulsaram os jesuítas de São Paulo e eles só retornaram em 1653.
A Câmara de São Paulo prepara-se para tomar posse do governo das aldeias. Nessa época, São Miguel possuía cerca de 3.500 indios. Mas, em 1661, eles estavam reduzidos a 400 indios.
E as invasões continuavam, desenfreadamente.......
O colonizador invadia as terras dos indios para fugir dos impostos, mas na medida em que a Câmara procurava incorporar aquela nova terra à sua jurisdição, para cobrar os impostos, o colonizador era obrigado a solicitar aforamento para a Câmara, e se não o fizesse, seria expulso da terra.
Por volta de 1701, São Miguel já possuía características de bairro. Os índios, já muito poucos, foram substituídos no trabalho das lavouras pelos escravos africanos.
Em 1766, D. Luiz }Antonio Botelho Mourão declarava que “o Aldeamento de São Miguel, havia sido o mais prejudicado dentro do processo de invasão de terras, contando com suas terras totalmente invadidas”.   (Cida Santos, Zona Leste Fazendo História)


ITAHIM
Em 1997, eu, Charlie, Vlade, Maurício e Geraldo visitamos a Casa Grande da Fazenda Biacica, uma verdadeira viagem no tempo.
A inscrição na verga da porta principal indica que a casa foi edificada no ano de 1682. Na parede de entrada existem dois painéis de azulejos, feitos por Carlos Mancini, datados de 2 de junho de 1952, mostrando a chegada dos portugueses e a primeira missa no Brasil. No centro da parede, à esquerda da porta, uma tela em bronze, em alto relevo, com a figura do bandeirante Domingos de Góes, datada de 21 de junho de 1611; e à direita, também em bronze, um marco da província carmelita, datado de 1621.
As inscrições, em azulejo azul nas entradas laterais da casa, dão-nos a impressão de que ali era um local de pouso de viajantes:

“Sê bem-vindo nesta casa
Se és de-veras meu amigo,
Entra, abraça-me, descansa,
Senta-te à mesa comigo” 

De acordo com as pesquisas realizadas pelo Professor Nilton Damasceno Ferreira, que resgatou com precisão a memória do Itaim Paulista, o bandeirante Domingos de Góes foi o primeiro a povoar a região, que era conhecida como Biacica, tendo recebido sua primeira sesmaria em 1610 e a segunda em 1611.
Domingos de Góes não teve muita sorte e sua propriedade não durou muito tempo. Em 1621, essas terras já pertenciam aos Padres Carmelitas, da Ordem de Nossa Senhora do Carmo.
Nilton Damasceno descobriu que durante muito tempo o Itaim foi uma região fronteiriça de São Paulo com Mogi das Cruzes e um dos documentos analisados por ele, do ano de 1672, data em que o tabelião de Santana das Cruzes de Mogi Mirim (Mogi das Cruzes) certificou o levantamento do pelourinho da região denominada Biacica.
Em 1682, em Biacica, já havia uma Capela, construída pelos padres capuchinhos, denominada Capela de Nossa Senhora de Biacica.

Os carmelitas mantiveram ali uma próspera fazenda, na qual trabalhavam índios nativos e índios vindos de regiões distantes, que aprendiam ofícios e eram catequizados. Eles prestavam serviços no convento e na fazenda, produzindo cereais e outros alimentos. Os padres carmelitas deram ao lugar o nome de Itahim, hoje Itaim Paulista. (Cida Santos, Zona Leste Fazendo História).  



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Por  Cida Santos. 
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